Texto escrito por: Ana Luzia da Silva Morais.
Durante a visita realizada em junho de 2024, no Terreiro do Caboclo Pedra Branca em Poços de Caldas, Minas Gerais, nosso grupo realizou a gravação de alguns Pontos Cantados na Umbanda. O objetivo das atividades que também fizeram parte do aniversário da Associação Afro Ancestral, era a produção de ações propositivas a partir dos diálogos epistêmicos que realizamos em todo o processo de preparação junto com a Zeladora Mãe Ana de Iansã e sua comunidade, Babá Rhonnel Fatolá e nosso grupo de pesquisa.
O objetivo era registrar as cantigas, diálogos e análises subsequente entre Mãe Ana e o Babá Rhonnel, sobre as cantigas entoadas nos terreiros de Umbanda em Minas, tendo como referência as heranças deixadas pelos seus antepassados, pela vivência em suas comunidades e pela orientação dos próprios guias. A partir de uma análise dos detentores, a gravação se tornou uma importante fonte a ser trabalhada pelos públicos alvos do projeto: comunidades detentoras, comunidades escolares e comunidades acadêmicas.
Nos diálogos que antecederam a criação desta ação no grupo temático, analisamos a importância dessas cantigas e pontos cantados nos terreiros de Umbanda para chamar as entidades ou mesmo a energia dos orixás nos rituais, e também a relação dessas cantigas com os santos no catolicismo. Umas das questões abordadas nos diálogos no grupo que fizemos questão de registrar no vídeo, foi a relação que aparece entre Santo Antônio e Exu.
A palavra entoada nas cantigas, junto com a dança e toque dos atabaques se apresentam como um portal de comunicação entre a comunidade e o mundo habitado pelos espíritos. Pensando na importância deste patrimônio para a conexão e aprendizado da ancestralidade afro–indígena, as cantigas também falam das vivências e histórias de vida dos guias, falam das suas crenças, amores, tristezas e alegrias, tendo em vista a hora certa de se cantar cada cantiga no ritual, para manipulação das energias que possibilitam a cura, e a abertura de caminhos para vencer demanda dos inimigos.
Na gravação, contemplamos um diálogo entre Mãe Ana, Babá Rhonnel e os seus guias, demonstrando uma relação de fé, amor e gratidão aos espíritos que representam as Sete Linhas da Umbanda.As cantigas foram gravadas dentro do Terreiro do Caboclo Pedra Branca, preparado para a realização da festa, que aconteceu no início da noite. Com a presença dos filhos de Mãe Ana, nossa equipe e os Ogãs do templo, experimentamos e analisamos a potência dessas vozes para a transmissão dos saberes e manipulação de uma energia pautada nos ensinamentos e aprendizados dos antepassados.
Ficha técnica:
Equipe de Trabalho Grupo Cultura Material: Joyce de Souza Santos, Letícia Helena Pereira Rosa, Pedro Augusto Soares de Menezes, Paulo Andrade Campos e Ana Luzia da Silva Morais.
Produção: Ana Luzia da Silva Morais
Roteiristas: Ana Luzia da Silva Morais, Ana Maria de Paula Cruz e Rhonnel Américo Silva
Edição: Robson Cristino Roque
Áudio: Pedro Delboni
Cinegrafistas: Graziela Ferreira e João Paulo Ferreira
Zeladoras: Mãe Ana de Iansã – dirigente do Terreiro de Umbanda do Cabloco Pedra Branca (Poços de Caldas – MG) e Elis de Paula Cruz
Sacerdote: Babá Rhonnel Américo Silva Fátòlá – dirigente do Templo Irosun Ajê-Ilê Orixá Emilá (Três Corações – MG)
Membros da Comunidade Associação Afro Ancestrais/ Terreiro do Caboclo Pedra Branca:
- Beatriz Helena Alves Moreira
- Gabriela Acerbi Pereira
- Iago Claudiano Tassi
- João Victor Aparecido de Oliveira Machado
- Priscila Aparecida Bernardo
- Renata Pereira de Paula
- Robson Cristino Roque
- Thaís Helena Correa Martins
- Vanessa Cristina Ramos Saboia
Gravação realizada em 29/06/2024, no Terreiro do Caboclo Pedra Branca em Poços de Caldas (MG).
Projeto realizado com recursos do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq.
Transcrição