Em junho de 2024, a Associação Afro Ancestral do Terreiro do Caboclo Pedra Branca, em Poços de Caldas, ganhou novas cores e significados com uma oficina cultural de pintura de muros. A ação foi idealizada a partir de conversas com Mãe Ana Maria de Iansã, detentora de saberes ancestrais, que propôs a mobilização coletiva como forma de fortalecer a identidade da comunidade. Os desenhos criados para os muros não são apenas arte, mas uma expressão viva da história, dos valores e dos sonhos daqueles que fazem parte do terreiro. A oficina foi um momento de união e celebração, onde todos puderam contribuir para contar, por meio das pinturas, a trajetória da comunidade. Como dito por Mãe Ana Maria:

Os desenhos ajudam a refletir sobre “quem somos, para onde queremos ir e como iremos chegar“.
A oficina foi um momento de união e celebração, onde todos puderam contribuir para contar, por meio das pinturas, a trajetória da comunidade. Cada traço e cor escolhidos reforçam a conexão com as raízes ancestrais e o compromisso com um futuro de respeito e fortalecimento cultural.



Além de embelezar o espaço, a pintura dos muros se tornou um símbolo de resistência e orgulho para a Associação Afro Ancestral. Com a ajuda dos artistas Leo Wezzy, MUFFÜ e A.Martins, que auxiliariam na condução das atividades criativas, os muros da associação ganharam vida através das artes criadas pela comunidade. A iniciativa mostrou como a arte pode ser uma ferramenta poderosa para unir pessoas, preservar tradições e inspirar transformações. O resultado é um legado visual que continuará a contar a história dessa comunidade para as gerações futuras.






“Auto-mapas” Ancestrais
A partir da ideia de que mapas buscam retratar “existência” e a “composição” de um lugar, convidamos a comunidade ao auto-mapeamento. Conversamos sobre as memórias pessoais e coletivas dos integrantes do Terreiro e a relação dessas memórias com os espaços que hoje cada um ocupa. Em sequência, incentivamos a produção de mapas coletivos, como uma espécie de retrato de suas identidades e territórios.



A ideia dos mapas de ancestralidade é um tentativa de se conectar com as memórias que nos formam, e na busca por tentar representá-las em imagens, criar conexões com as pessoas ao nosso redor e com os espaços que constroem nossas identidades.





Enquanto grupo de trabalho, os pesquisadores do grupo 2 buscaram construir um produto de uso comum junto a comunidade detentora, prezando pela horizontalidade dos conceitos em troca e o exercício da multivocalidade. Os registros orais e momentos de encontro com a comunidade detentora levaram a uma nova percepção sobre como ocupamos e transformamos os lugares que existimos e como esperado por Mãe Ana, foram um reflexo de quem a comunidade é, para onde querem ir e como irão chegar.
Confira outras ações realizadas pelos pesquisadores do grupo 2:
- Vozes do Sagrado: Registro das cantigas de gira
- Catálogo: Cultura Material de Origem Afro-Indígena em Minas Gerais (Séculos 18 ao 20)
Escrito por Joyce Santos