Por: Tayane Oliveira
HISTÓRICO:
O aguamento é um padecimento que atinge principalmente as crianças, devido a uma falta de alguém ou de ter algo. Essa escassez geraria um sentimento de desamparo e privação que resultaria na perda de apetite e fraqueza nas crianças. O benzedor Gelson explica como ele realiza esse benzimento:
CITAÇÃO:
(Gelson): A oração é muito simples, a oração é muito simples. É assim: a gente pega três ramos de folha, três ramo. Três galhinhos com folha e reza assim: Santa Iria sentou na pedra fria e perguntou para Maria o que cura o aguamento? Ela respondeu: um ramo com folha e três Ave-Maria. Essa é a oração do aguamento, certo. A gente faz essa oração, reza-se primeiro pedindo pro dom do Espírito Santo, né. A gente pede ajuda do Espírito Santo, faz as orações, que é as orações do Pai-Nosso, Ave-Maria, né. E, simplesmente repete essas frases que a gente fala e pede para o Espírito Santo para interceder pela pessoa. Essa é a oração que a gente faz, né.
O aguamento também pode ser curado através de simpatias. O benzedor seu Gilmar ao falar sobre a simpatia do aguamento faz referência à três Marias. Essa simpatia tem como princípio pedir para a “criança aguada” um pouco de comida durante três sextas-feiras na casa de três mulheres que tenham o nome de Maria. Ao fim desse período a criança estaria curada do aguamento. De acordo com Pereira e Gomes (2018, p. 24), a simpatia também tem a capacidade de evitar o mal, mas ela corresponde a uma prática de “livre acesso” podendo ser executada por qualquer pessoa, enquanto as benzeções necessitam desse agente intermediário que intercede para combater o mal e estabelecer a harmonia.
REFERÊNCIAS:
OLIVEIRA, Tayane Aparecida Rodrigues. Reza Antiga, Cura Certa – Bênçãos, memórias e quebrantos: o oficio da benzedura na cidade de São João del-Rei. Dissertação (Mestrado em História) – UFSJ, 2022. Disponível em: https://ufsj.edu.br/portal2-repositorio/File/pghis/DissertacaoTayaneAparecidaRodriguesOliveira.pdf. Acesso em: 10 de outubro de 2024.
PEREIRA, Edimilson de Almeida; GOMES, Núbia Pereira de Magalhães. Assim se benze em Minas Gerais: um estudo sobre a cura através da palavra. Belo Horizonte. Massa Edições, 2018.
QUINTANA, Alberto Manuel. A Ciência da benzedura: mau-olhado, simpatias e uma pitada de psicanálise. Bauru: EDUSC.1999.